23/06/2010

Eu ou Nós – Como caminhar em perfeita Unidade.



Quando olho para a igreja de Atos dos Apóstolos entendo que é a mesma igreja de hoje. Mas o que existia nela a ponto da Unidade ser sua marca mais atenuante. Deus não teve uma igreja em cada tempo, as pessoas mudaram, mas o projeto divino de unidade ainda continua, Deus só tem uma noiva e é com ela que ele pretende se casar. Se observarmos os textos de Atos 2:42-47 e 4:32-35 encontraremos relatos importantes sobre unidade e valiosos para nosso aprendizado, desafio você a abrir sua bíblia e ler cada passagem atentamente. É claro que estas histórias precisam ser repetidas e vividas se quisermos receber as bênçãos de Deus como corpo de Cristo. Eles eram unanimes no partir do pão, na perseverança, na alegria e na simplicidade. Os milagres aconteciam, as necessidades eram supridas, pois havia atenção aos necessitados: órfãos e viúvas eram assistidos, amigos comiam juntos o que demonstra comunhão a partir do genuíno relacionamento, e com isso atraiam pessoas a Jesus pois o evangelho era proclamado através de corações atados pelo vínculo do amor. Ninguém era dono de suas próprias coisas, eles compartilhavam tudo comumente, o povo supria os apóstolos compreendendo que o evangelho precisava ser pregado e todos investiam na expansão do Reino de Deus. Era uma mesma visão, ensinada por Jesus Cristo e que deve ser aprendida por nós. As palavras de Jesus em João 17:20-23 fazem referência a Unidade. O anseio do seu coração é que todos fossem um assim como Ele o Pai são um. Mas tão importante quanto o que Jesus disse, foi quem escreveu o que Jesus falou. Embora outros escritores do evangelho citem Jesus falando acerca da unidade perfeita, João registra com sensibilidade a palavra de Jesus sobre este tema porque era íntimo do mestre e sabia o quanto este conceito significava no Reino de Deus. Ninguém como ele, João, teve uma revelação tão concreta acerca da unção Messiânica que estava sobre Jesus, mas ele reconheceu esta divina virtude por caminhar lado a lado com Cristo. Ele conhecia o coração do Senhor e o por sua vez Jesus conhecia seu interior, havia transparência nesta parceria que começou com o próprio Cristo o convidando para ir a sua casa (Jo 1:38-39) esse fato comprova que os três anos de convivência e discipulado foram pautados em relacionamento quase que diário. João no início do ministério era um dos Boanerges chamado por Jesus de Filhos do Trovão por seu perfil impetuoso e tempestivo, mas gradativamente, com a convivência ele vai assimilando o padrão manso e humilde do coração do mestre mudando esse inadequado comportamento para traços de amor e descanso. Não é a toa que em suas amorosas e doces cartas ele chama seus destinatários de filhinhos amados, os registros do Apóstolo João destilam amor como um favo de mel sendo espremido pelas mãos do Pai. João sabia o que era unidade, esteve ao lado de Jesus presenciando os primeiros milagres, mas também acompanhou a transfiguração no monte das Oliveiras, os momentos mais difíceis onde Jesus era perseguido e humilhado estando com ele até ao pé da cruz compartilhando das agonizantes dores da crucificação. Isso é Unidade, mesmo que as situações sejam difíceis o importante é estar junto, custe o que custar, doa o que doer, não compartilhar só momentos bons, mas estar disponível para ouvir os corações quando nada vai bem. Jesus nesta palavra não ora apenas por seus seguidores, mas ora por todos aqueles que crêem nesta palavra e arvoram a bandeira da comunhão. Ele estava intercedendo ao Pai para que todos fossem um. Esta é a grande revelação do corpo de Cristo, onde caem as barreiras das placas os muros das raças, os sistemas da religião, as paredes das cores, os grilhões do orgulho. Unidade não uma única denominação, não uma idolatrada visão, não uma instituição contratual, não um chamado pessoal, mas uma soma de ministérios, ou seja, serviços que se congregam todos em um mesmo nível. Mas para chegar a este patamar de entendimento precisamos renunciar nossa maneira pessoal de enxergar um império, geralmente baseado em nossa forma de pensar e passar a entender a proposta de cada ministério no contexto do Reino de Deus. Caminhar em unidade é saber que o que os meus irmãos fazem é tão importante quanto aquilo que eu faço. Como é difícil para as pessoas conciliarem suas crenças sendo unanimes no que é essencial e flexíveis naquilo que é de segunda ordem. Cada ministério tem uma visão específica, um governo diferenciado e uma identidade peculiar, entretanto pertencem ao mesmo corpo. Algumas vezes, queremos impor nossa forma de pensar e atraímos para perto de nós pessoas que tenham o mesmo padrão de vida, mesmas afinidades de pensamentos, perfis iguais aos nossos, sendo que a proposta do Reino dos céus é exatamente o contrário, você não precisa ser igual a mim e pensar como eu penso para estar ao meu lado. Se houver unidade nossa proposta será adorar a Deus e edificar a sua vontade sobre a terra juntos. Esta é a multiforme graça de Deus revelada nas diferenças, lembre-se de que Jesus conquistou para sí homens de todas as tribos, línguas, povos e nações, isso demonstra o amor plural de Deus convergindo às diferenças em seu coração transcultural. Deus respeita as diferenças o que ele abomina são as divergências que dão base para a individualidade. O que precisamos entender é que o segredo de comunicarmos Jesus está em sermos perfeitos em unidade, a própria bíblia expressa essa verdade, e isto não é opcional, é um mandamento, essa é a receita para o bolo crescer. No Reino espiritual não existe lugar vago, tudo é preenchido, quando não selamos nosso coração com a unidade estamos liberando um vácuo para a infiltração de satanás, a saída é estarmos unidos para que não sobrem rachaduras para a ação do adversário de Deus. Cada um de nós tem a responsabilidade de promover a unidade do corpo de Cristo em qualquer lugar, não somente em nossa igreja durante os louvores congregacionais. Não se trata de um aperto de mão, olhos nos olhos emocionados ou abraços calorosos num cumprimento entre os santos (apesar deste momento ser importante na igreja), mas se trata de ter um mesmo coração, com os mesmos objetivos, buscando a mesma essência, porque se não houver isso tudo mais passa a ser superficial e sem valor. Quanto mais for gerada a unidade, mas ficaremos fortes! E essa força não foi nos dada para nos destacarmos diante dos homens buscando a glória que alimenta nossa concupiscência de reconhecimento e aprovação. Na unidade não pode haver interesse pessoal, nem quem viva dos aplausos e do prestígio popular. Ela é forte contra o inferno, contra as investidas do diabo em nossa cidade, estado e nação. Por isso é tão importante nos unirmos e servirmos uns aos outros. Unidade requer maturidade e alguém que amadureceu escolheu sempre amar e perdoar onde o que vale é nunca se ofender, o fruto maduro será o primeiro a cair do pé, quando está pronto para ser colhido enverga os galhos da árvore por vezes quase tocando o chão e isso fala de humilhação, a maturidade te leva a renunciar a razão, a posição e entender que para o bem da unidade deve haver abdicação de nossos sonhos e projetos ambiciosos, mas poucos estão dispostos a abrir mão disso. Um líder que investe em comunhão abre mão de sua posição e entende que a unidade sempre será a prioridade. O texto de Josué 4:20-24 retrata bem esta situação, eles estavam passando o Jordão, o limite entre uma vida escrava no Egito em uma das margens para uma nova vida que estava sendo preparada do outro lado do Rio em Canaã a Terra Prometida. Mas inevitavelmente eles teriam que passar por Gilgal, um lugar onde eles teriam que construir um altar a Deus e reestabelecer uma aliança que foi perdida. Ali, 12 príncipes das diferentes tribos de Israel pegaram 12 diferentes pedras e juntos construíram um altar memorial ao Senhor provando que o que os unia era mais importante do que suas diferenças geracionais. O interessante é que não deveriam ser pedras aleatórias, Deus instituiu que seriam pedras grandes e tiradas do meio do Jordão. Sabemos que a palavra Jordão vem do Hebraico e quer dizer: Aquele que desce! Este é o único rio no mundo que corre para cima, ele deságua no mar morto e está a 390 metros abaixo do nível do mar, tem aproximadamente 30 km de largura e no centro do leito deve ter uma profundidade de quase 3 metros. Mas Deus operou a mesma maravilha do Mar Vermelho diante dos olhos de Josué e do povo de Israel. O Rio Jordão simboliza nosso orgulho! Deus precisa rasgá-lo ao meio para que possamos acessar uma nova vida, imagine agora arrancar do meio do orgulho as grandes pedras da soberba, dos títulos, dos cargos, das posições, enfim de tudo o que nos impede de caminharmos unidos e construir com elas um ponto memorial a Deus entregando ao Senhor a nossa razão. Deus estava dizendo arranquem de seus corações pedras pesadas que os impedem de caminharem juntos e construam com elas um lugar de sacrifício ao Meu Nome. Realmente não era uma tarefa fácil, mas que também não pára por aí, após o altar Deus ordena que todos os homens sejam circuncidados com laminas feitas de pedra, imagine só a dor que estes homens não sentiram, estavam já cansados da viagem, alguns já adultos, sem qualquer tipo de anestesia ou cuidado sanitário, o ato foi mais traumático do que propriamente cirúrgico, mas era uma ferida que marcava um novo tempo de uma aliança de sangue para com Deus e uns com os outros. Naquele momento Deus estava devolvendo as promessas liberadas a Abraão sobre o povo que tinha se esquecido do pacto. Em alguns casos, as alianças que fizemos nos custam algo, doem em nós já que o passo de renúncia de nosso próprio eu é algo que nos machuca realmente, mas que as gerações futuras vão ser alcançadas por tal atitude. Um exército tem várias frentes na batalha, mas independente do posto que se ocupe a guerra é de todos, todos ganham ou todos perdem, por isso precisamos continuar marchando sobre as obras do inimigo, isso é andar em unidade, é entender que melhor sejam dois do que um, e não caminhar sozinho, jamais abandonando o chamado do corpo de Cristo que é andar perfeitamente ajustados. Nosso estandarte deve ser Jesus que morreu e venceu para que fossemos um só povo de um único Deus. Precisamos sacrificar o Eu para que Nós todos possamos crescer!


Texto: Pr.Jackson de Aquino.



2 comentários:

  1. PAZ PASTOR LAPA...

    Maravilhoso texto sobre a unidade, bom se todos vivêssemos em unidade, sempre falo que Jesus não deu sua vida por uma dominação, mas sim por nós seres humanos, eu acredito sim na unidade mas ela só será possível quando muitos lideres de igrejas descerem de seus pedestais e entenderem o verdadeiro sentido de viver para CRISTO, estamos lutando por uma causa única, e o que mais me incomoda nisso é que muitos lideres e seus liderados julgam-se donos da verdade e dizem que só a igreja A e a B e que vão morar no céu, que pena, eu acredito num evangelho puro e simples, que possamos realmente parar com essa divisão que há no meio do povo evangélico, porque JESUS está voltando e ELE não vem buscar uma placa de igreja e sim um povo especial,zeloso e de boas obras.Congrego na COMUNIDADE EVANGELICA Á GAPE DE ITAJAÍ.
    Que DEUS abençoe você na Presidência da COPEVI, sempre vou no café com pastores e acho uma benção.
    FICA NA PAZ DE CRISTO.
    CRIS GONÇALVES.

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  2. É UM GRANDE DESAFIO, POIS MUITOS TERÃO DE DEIXAR OS PRECONCEITOS, OS JULGAMENTOS SEM CONHECIMENTO DO TRABALHO, ETC... MAS AS DIFERENÇAS E IDEOLOGIA TERÃO QUE SAIR PARA QUE A UNIDADE ESTABELEZA, A SOBERBA DENOMINACIONAL E O INDIVIDUALISMO DE LÍDERES MUDARÃO QUANDO A VISÃO DE REINO SEREM COMPREENDIDOS.

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